Tu que choras e tanto te lamentas
Achas que a vida é sempre má contigo
Por pouco ao desespero te acorrentas
Por muito pouco sentes desabrigo
Tu, que as menores mágoas não sustentas,
Que as mansas dores tomas por castigo
Por frívolos temores te atormentas
Ouve bem as palavras que te digo
Esquece as dores, olha para os lados,
Há cegos, surdos, mudos, mutilados,
Enfermos das moléstias mais letais
Enxuga de uma vez esse teu pranto
Verás que a tua cruz não pesa tanto
Que há sempre alguém sofrendo muito mais.