Falar-vos
de martírios e tormentos,
É
perpetrar amargas redundâncias,
Redizer
minhas mágoas, minhas ânsias,
Renovar
minhas síncopes de dor...
Não
sorvo mais os tóxicos violentos
Do
desespero e da melancolia,
Após
a derrocada
Das
construções de um sonho superior.
Tudo
outrora, Senhor,
Na
minha pobre vida abandonada,
Era
o tédio cruel que me impedia
De
vislumbrar a claridade intensa
Da
luz do sol puríssimo da crença,
Tudo
em volta de mim era a cegueira.
Que
torturou a minha vida inteira,
Que
me seguiu o espírito ambicioso!
A
carne é pobre e é cheia de fraqueza,
Simbolizando
o ciclo tenebroso
Das
sínteses de dor da Natureza.
E a
carne subjugou-me inteiramente,
Fez-me
fraco e descrente,
E
transformou a minha mocidade
Num
montéo de ambições, de fama e glória,
Adormeceu-me
aos cantos da vaidade
E me
afastou da estrada meritória
Da
crença e da bondade...
Misericordiosíssimo
Senhor!
De tortura
em tortura amargurado,
O
meu frágil espírito inferior
Viu-se
presa de trevas, no passado,
E a
desgraça suprema o amortalhou.
Tudo
sofri, de dor e de miséria,
Mas
a tua bondade me levou
A
esquecer a influência deletéria
Da
carne passageira...
Rompeste
a minha venda de cegueira
E
divisei o excelso panorama
Do
Universo infinito, que Te aclama
Como
a fonte do amor ilimitado!
Relevaste,
meu Deus, o meu pecado
E
pude ouvir as harmonias puras
Que
equilibram os mundos nas alturas!...
Cheio
de amaridúlcida ansiedade,
A
esperança o espírito me invade
Aguardando
das lágrimas futuras
A
minha redenção...
Que
a confiança, pois, em Ti me anime,
Que
no porvir a dor bela e sublime
Jorre
em minhalma a luz da perfeição.
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Livro:
Parnaso de Além-Túmulo
Médium:
Francisco Cândido Xavier
Autor
Espiritual: Espíritos Diversos
Ano:
1932