Oh!
que desdita estranha a de nascermos
Nas
sombras melancólicas dos ermos,
Nos
recantos dos mundos inferiores,
Onde
a luz é penumbra tênue e vaga,
Que,
sem vigor, fraquíssima, se apaga
Ao
furacão indômito das dores.
Voracidade
onde a alma se mergulha,
Apoucado
Narciso que se orgulha
Na
profundeza ignota dos abismos
Da
carne, que, estrambótica, apodrece;
Que
atrofiada, hipertrófica, parece
Cataclismo
dos grandes cataclismos.
Prendermo-nos
ao fogo dos instintos,
Serpentes
entre escrófulas e helmintos,
Multiplicando
as lágrimas e os trismos,
Tendo
a alma – centelha, luz e chama –
Amalgamada
em pântanos de lama,
Em
sexualidades e histerismos.
Misturarmos
clarões de sentimentos
Entre
vísceras, nervos, tegumentos,
Na
agregação da carne e dos humores,
Atrocidade
das atrocidades;
Enegrecermos
luminosidades
Na
macabra esterqueira dos tumores.
E
nisto achar fantásticos prazeres,
Ilusão
hiperbólica dos seres
Bestializados,
materializados;
Espíritos
em ânsias retroativas,
No
transcorrer das vidas sucessivas,
Nas
ferezas do instinto, atassalhados.
Mas
a análise crua do que eu via,
Hedionda
lição de anatomia,
É
mais que uma atrevida aberração:
Que
se quebre o escalpelo de meus versos:
Entreguemos
a Deus seus universos
Que
elaboram a eterna evolução.
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Livro:
Parnaso de Além-Túmulo
Médium:
Francisco Cândido Xavier
Autor
Espiritual: Espíritos Diversos
Ano:
1932