1
Tudo
passa no mundo. O homem passa
Atrás
dos anos sem compreendê-los;
O
tempo e a dor alvejam-lhe os cabelos,
À
frouxa luz de uma ventura escassa.
Sob
o infortúnio, sob os atropelos
Da
dor que lhe envenena o sonho e a graça,
Rasga-se
a fantasia que o enlaça,
E vê
morrer seus ideais mais belos!...
Longe,
porém, das ilusões desfeitas,
Mostra-lhe
a morte vidas mais perfeitas,
Depois
do pesadelo das mãos frias...
E
como o anjinho débil que renasce,
Chora,
chora e sorri, qual se encontrasse
A
luz primeira dos primeiros dias.
2
Ah!...
se a Terra tivesse o amor, se cada
Homem
pensasse no tormento alheio,
Se
tudo fosse amor, se cada seio
De
mãe nutrisse os órfãos... Se na estrada
Do
contraste e da dor houvesse o anseio
Do
bem, que ampara a vida torturada,
Que
jamais viu um raio de alvorada
Dentro
da noite eterna que lhe veio
Do
sofrimento que ninguém conhece...
Ah!
se os homens se amassem nessa estância
A
dor então desapareceria...
A
existência seria a ardente prece
Erguida
a Deus do seio da abundância,
Entre
os hinos da paz e da alegria.
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Livro:
Parnaso de Além-Túmulo
Médium:
Francisco Cândido Xavier
Autor
Espiritual: Espíritos Diversos
Ano:
1932