Noite
de paz e amor! Repicam sinos,
Doces,
harmoniosos, cristalinos,
Cantando
a excelsitude do Natal!...
A
estrela de Belém volta, de novo,
A
brilhar, ante os júbilos do povo,
Sob
a crença imortal.
De
cada lar ditoso se irradia
A
glória da amizade e da harmonia,
Em
festiva oração;
Une-se
o noivo à noiva bem-amada,
Beija
o filho a mãezinha idolatrada,
O
irmão abraça o irmão.
Dentro
da noite, há corações ao lume
E há
sempre um bolo, em vagas de perfume,
Sob
claro dossel...
Nascem
canções e flores de mansinho,
Em
édenes fechados de carinho,
De
esperança e de mel.
Mas,
lá fora, a tristeza continua...
Há
quem chora sozinho, em plena rua,
Ao
pé da multidão;
Há
quem clama piedade e passa ao vento,
Ralado
de tortura e sofrimento,
Sem
a graça de um pão.
Há
quem contempla o céu maravilhoso,
Rogando
à morte a bênção do repouso
Em
terrível pesar!
Ah!
como é triste a imensa caravana,
Que
segue, aflita, sob a treva humana
Sem
consolo e sem lar...
Tu,
que aceitaste a luz renovadora.
Do
Rei que se humilhou na manjedoura
Para
amar e servir,
Volve
o olhar compassivo à senda escura,
Vem
amparar os filhos da amargura,
Que
não podem sorrir.
Desce
do pedestal que te levanta
E
estende a mão miraculosa e santa
Ao
desalento atroz;
Para
unir-nos no Amor, fraternalmente,
Desceu
Jesus do Céu Resplandecente
E
imolou-se por nós.
Vem
medicar quem geme na calçada!...
Oferece
à criança abandonada
Um
velho cobertor;
Traze
a quem sofre a lúcida fatia
Do
teu prato de sonho e de alegria,
Temperado
de amor.
Visita
as chagas negras da mansarda
Onde
a miséria súplice te aguarda
Em
nome de Jesus.
Há
muita crença enferma, quase morta,
Que
só pede um sorriso brando à porta,
Para
tornar à luz.
Natal!...
Prossegue o Mestre, de viagem,
Em
vão buscando um quarto de estalagem,
Um
ninho pobre, em vão!...
E
encontra sempre a cruz, ao fim da estrada,
Por
não achar socorro, nem pousada
Em
nosso coração.
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Livro:
Parnaso de Além-Túmulo
Médium:
Francisco Cândido Xavier
Autor
Espiritual: Espíritos Diversos